segunda-feira, 26 de maio de 2014

TODOS OS SENTIDOS, SEM SENTIDO (FERNANDA GAONA)

Sorrir com os olhos, falar pelos cotovelos, 
meter os pés pelas mãos. 
Em mim, a anatomia não faz o menor sentido. 
Sou do tipo que lê um toque, 
que observa com o coração 
e caminha com os pés da imaginação. 
Multiplico meus cinco sentidos por milhares 
e me proponho a descobrir todos os dias 
novas formas de sentir. 
Quero o cheiro da felicidade, o gosto da saudade, 
o olhar do novo, a voz da razão 
e o toque da ternura. 
Luto contra o óbvio, porque sei que dentro de mim 
há um infinito de possibilidades e 
embora sentimentos ruins 
também transitem por aqui, 
sei que devo conduzi-los 
com a força do pensamento 
até a porta de saída. 
Decidi não delegar função
 para cada coisa que eu quero. 
Nem definir o lugar adequado 
para tudo de bom que eu sinto. 
Nossos sentimentos são seres vivos 
e decidem sem nos consultar. 
A prova de que na vida, 
rótulos são dispensáveis 
e sentimentos inclassificáveis.

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